O Conceito de ambientes no trabalho de Pilates: estranho e familiar

Quando fazemos o curso de formação da Polestar,somos apresentados ao conceito de ambientes. Denominados ambiente familiar e ambiente estranho é uma proposta simples, que funciona muito bem e é de fácil compreensão.

A idéia é a seguinte: ambiente familiar é aquele no qual o gesto reproduzido no exercício se assemelha em muitas coisas ao gesto funcional. Por exemplo, o Standing Leg Pump na cadeira, é um exercício feito em pé, com um pé no solo em cadeia fechada, e a outra perna flexionada, com o pé pressionando o pedal, em cadeia pseudo.
Este gesto reproduz situações corriqueiras e extremamente funcionais do nosso cotidiano, como andar, subir escadas e degraus.

O ambiente estranho, por sua vez, é aquele que nos coloca numa situação inusitada, ou seja, realizamos um gesto numa situação “estranha”. Um exemplo clássico disso no estúdio de Pilates é o footwork na Reformer. Flexionar e estender os joelhos ou mesmo saltar (com a jump board) deitado é uma situação pouco usual.

Mas e daí? Como utilizar essas diferentes opções e por que?

Vamos imaginar que estamos diante de um aluno com um padrão de movimento pouco eficiente, com dificuldade para manter um bom alongamento axial em pé. Ele “desmonta” em cima de sua coluna, aumentando suas curvas fisiológicas, sem consciência de seu centro.

O instrutor quer propor para ele situações de alongamento axial, ativação do centro (abdome, assoalho, dorsais), para que o seu estar em pé torne-se mais eficiente.
“Já sei!”, pensa o instrutor, “vou colocá-lo para fazer o Standing Leg Pump”, assim ele treina justamente ficar em pé com uma organização melhor.
Está correto? Sim, é uma forma de pensar.

Vamos pensar agora por outro caminho, através do conceito de ambientes: quando colocamos um aluno para reproduzir um gesto cotidiano, diretamente na situação em que ele mais se desorganiza, estamos propondo para ele um grande desafio.
Muito maior do que seria se estivesse num ambiente estranho.
Aquela situação é conhecida e é nela aonde a falta de estrutura está mais instalada, onde os caminhos neurais estão mais viciados.Reveja a postagem http://pilatespaco.blogspot.com/2009/07/praticar-pilates-fazer-o-download-de.html

Vamos dizer que eu opte por despertar seu centro, ativar sua musculatura dorsal, em um ambiente estranho, ou seja: fazê-lo trabalhar tudo que for necessário para o momento do estar em pé, mas em outra posição, por exemplo, em decúbito lateral.
Podemos fazer Leg Spring Series, para desafiar sua estabilização de centro e mobilizar sua articulação coxo femoral, podemos propor Kneeling Arms Series na Reformer, para desafiar sua estabilização com descarga de peso nos joelhos, Pulling Straps na Long Box para despertar e ativar sua musculatura dorsal e mil outras coisas.

A idéia é que, quando estamos em uma postura diferente, novos caminhos nervosos são ativados. Equilibrar o corpo em um decúbito lateral é um gesto pouco usual, novo. Ativar a musculatura dorsal alinhando a coluna neutra em decúbito ventral, é inédito! E nos dois sentidos: aferentes e eferentes. Não é habitual, geralmente, realizar atividades equilibrado no trocânter e nas escápulas, ou pensar no apoio do púbis e esterno no solo.
Optar pelo ambiente estranho é gerar novos caminhos de conscientização corporal e, consequentemente, facilitar a reorganização.

Precisamos lançar mão de novas estratégias musculares para manter nosso esqueleto nessas situações “estranhas”, tanto parado, quanto em movimento.
É mais fácil recrutar músculos importantes, inicialmente, em um ambiente estranho, do que numa situação usual.

Aí, depois que a musculatura estiver mais organizada, já com alguma eficiência, vamos colocar o aluno na situação do gesto funcional, já com uma estrutura mais preparada para encarar o cotidiano. Mesmo que seja o cotidiano reproduzido num gesto funcional!

É isso aí! O que vocês acham?
Beijo, Silvia.

20 comentários em “O Conceito de ambientes no trabalho de Pilates: estranho e familiar”

  1. EU JÁ FALEI QUE AMO ESSE BLOG? rs SILVINHA… QUE TEXTO GOSTOSO DE LER, DE IMAGINAR OS MOVIMENTOS! SUPIMPA! INTERESSANTE DEMAIS, AS VEZES PENSAMOS E FAZEMOS ASSIM, MAS SEM A NOÇÃO CLARA DOS CONCEITOS, QUE DÃO MAIS OBJETIVIDADE! QUE BOM QUE AINDA TENHO MUITA PARA APRENDER!bjs

  2. Olá Silvia ! espero q por aki vc possa me esclarecer sobre a diferença e beneficios de uma formação em uma escola ou uma pós em pilates ..ok ? bom já que não fui sorteado para o seu 2º dvd lá vou e pra banquinha ..se ainda tiver rs Obrigada mais uma vez ! Bjs Brenda

  3. Oi Brenda, vamos lá! O que vai definir o melhor curso para você não é se ele é uma pós ou um curso. Você deve levar em consideração alguns pontos para escolher o que fazer: conteúdos, carga horária prática e teórica, tempo que o curso está funcionando, experiência (leia-se curriculum) dos professores.
    Vamos considerar que estamos falando de um curso com conteúdo completo, com uma carga horária longa (pelo menos 360 horas) que permita contemplar todo o repertório de exercícios de maneira profunda. A questão que passa a ter grande relevância é a experiência dos ministrantes.
    É claro que a formação deles, pós graduação, etc, é importante, mas o fundamental é o tempo de Pilates, a formação em Pilates, especificamente. Afinal é esse o tema que você quer aprender.
    Outra coisa a ser pensada é o tipo de formação relacionada a seus objetivos: se você pretende estudar Pilates, associar com carreira acadêmica, certamente a pós te dará um respaldo maior. Mas se você quer atuar como instrutora, é importante lembrar que os melhores cursos hoje (mais completos, com profissionais mais experientes), são reconhecidos internaciopnalmente. Permitem inclusive que você coloque seu currículo a disposição para vagas no mundo todo.
    Coisa que a pós não faz.
    É isso aí! Espero poder ter ajudado. Beijos.

  4. Oi Silvia,
    A reorganização do movimento é interessante, né?
    Costumo receber o feedbsck dos meus alunos exatamente assim: “Antes do pilates, levantava assim ou pegava um objeto assado e DEPOIS do pilates faço assim”. Os alunos depois de trabalharem em um ambiente estranho percebem como isso interfere na vida cotidiana que de repente eles ou as pessoas em volta precebem! Por isso AMO PILATES!
    Bjos
    Ana Paula

  5. Oi Ana, com certeza é muito bom poder contribuir para a qualidade de vida da pessoas através da reorganização do movimento, utilizando apenas o que elas já tem nas mãos: ser corpo. Beijo!

  6. Oi Sílvia, eu adoro o seu blog.Como disse Fernanda, tornou-se minha leitura obrigatória.

    Nas suas aulas utiliza um nº certo de repetições?e quais os meios que utiliza para as contagens serem idênticas. No meu caso, sinto dificuldade, quando ajudo um aluno pessoalmente e os outros seguem a contagem e no final não acabam todos ao mesmo tempo.

    Beijos, Sandra

  7. Oi Sandra, acho que você se refere à Pilates solo. Estou enganada? Eu, pessoalmente, trabalho em estúdio e não preciso estar tão atenta à contagem, pois cada aluno faz o número de repetições estipulado para aquele exercício, naquela máquina. Não fazem juntos. De qualquer maneira, acho que não é tão importante que terminem ao mesmo tempo. Se acabaram em momentos diferentes, provavelmente foi porque desenvolveram ritmos diferentes (pessoais) na execução do exercício. Apesar de acreditar que o ritmo e a contagem dêem uma fluidez bacana para a aula, não precisamos ser rígidos. Abraço, Silvia.

  8. Silvia!!!
    Tô aparecendo pra comentar q tá lindo o novo visual do blog e q a foto fofa da Dora é um “must”!!Lindo tudo…
    Bjoo!Jamile…

  9. Adoreiiii!!! Que delícia seu blog!! Faltava um espaço assim para clarearmos nossas idéias!!!
    Parabéns sempre pra vc!!
    Bjoss, Tati

  10. Olá Silvia, adorei seu blog, 1 vez que visito e achei o máximo! Eu adoro pilates, fui praticante,porém por problemas no punho, não posso faze-lo por completo.
    POr isso se puder me responder, é possivel fazer pilates sem usar as mãos?
    Parabéns pelo trabalho!

  11. Oi Leidi, bem vinda, adorei seu nome!
    Sim!! Com um professor bacana e criativo te orientando você pode fazer muitas coisas sem as mãos e, inclusive, verificar o que você pode fazer com elas dentro de seus limites para quem sabe, ampliá-los.

  12. OI SILVIA, BACANA O NOVO VISUAL DO BLOG….
    APROVEITANDO O COMENT DA BRENDA, ALÉM DA POLESTAR,QUAL OUTRO CURSO QUE TENHA A MESMA QUALIDADE?

    ESTA SEMANA MEU ESTÚDIO COMEÇA A FUNCIONAR, ATÉ ENTÃO EU SÓ MINISTRAVA AULA DE SOLO….
    QUERO EXPRESSAR A IMPORTÂNCIA DAS INFORMAÇÕES DO SEU BLOG QUE ALIMENTAM E SOMAM CONTEÚDOS ATÉ MESMO AOS MAIS EXPERIENTES PROFS.
    GDE BJ
    CLAUDIA

  13. Oi Claudia: PARABÉNS!! Que ótimo que você vai começar com aparelhos, te desejo todo o sucesso!
    Em relação a cursos, no meu ponto de vista é importante que você procure um que contemple todo o repertório de maneira profunda. Além do Polestar, Stott, Physycalmind Institute, The Pilates Studio, Power Pilates, Atelier do Corpo, Criah Movimento. Linhas diversas, do Evolved ao Clássico. Nada menor do que 360 horas. E pesquise sobre a experiência e curriculum dos professores.
    Sobre o blog, muito obrigada. É a contribuição de vocês que me estimula. Fique sempre à vontade, beijos!

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