A Báscula do Cóccix

Ola pessoal!

Imaginemos uma báscula pélvica, uma flexão da coluna vertebral a partir de seu início. Geralmente pensamos logo na lombar dando início a movimentos como pontes (bridge) ou rolldowns, mas vamos descer mais. Vamos pensar na firme estrutura do sacro como a raiz de nossa coluna vertebral.

Qual seria então o primeiro segmento a entrar em flexão? L5-S1 talvez?

Pensando em amplitude sim, mas como gostamos de colocar uma lupa nos detalhes, devemos levar em consideração que o cóccix também entra em báscula, em flexão.

Ele inicia o movimento e é seguido pelo sacro e lombar.

Mas afinal qual musculatura fará parte dessa ação inicial de “colocar o rabinho no meio das pernas” senão os músculos que já levam o nome de suas origens?

Olhando com detalhe para a linda imagem desenhada por Blandine veremos que na ativação do assoalho pélvico – tanto o ísquio-coccígeo (músculo mais superficial do assoalho, também conhecido como períneo juntamente com o transverso superficial e bulbo cavernoso), quanto o pubo-cocígeo (músculo mais profundo do assoalho juntamente com o elevador do ânus), tracionam o cóccix para dentro e para frente dando início a flexão.

Da mesma forma se aproximam os ísquios e o púbis.

É a base de nosso tronco, o assoalho que sustenta como um leito todo o peso dos nossos órgãos.

Quando ativamos o assoalho não quer dizer, no entanto, que a coluna lombar entrará em flexão. Assim como não precisa entrar quando realizamos uma flexão torácica.

Estamos considerando que temos uma boa consciência corporal e trabalhamos com a dissociação de movimentos (inclusive intervertebrais).

Mas, definitivamente, quando quisermos fazer uma flexão completa da coluna iniciando pela lombar, a ativação inicial do assoalho fazendo a báscula do cóccix será bem vinda.

No caso da flexão torácica, ainda que procuremos manter a coluna neutra, a pressão que imprimimos aos órgãos também convida a uma ativação do assoalho protegendo nossa região pélvica numa reação a essa pressão.

Toda essa postagem é uma forma de motivar os professores a inserirem orientações, dicas, em relação à ativação do assoalho pélvico em suas aulas.

Sua presença é fundamental na ativação do CORE, do Power house.

Sem a ativação do assoalho a ação fica incompleta e a pelve desprotegida, à mercê de fortes pressões que podem acarretar problemas como incontinência urinária.

E não acreditem que o assoalho vai ativar como mágica!

É preciso perder a timidez e lembrar que elevador do ânus, pubococcigeo, bulbo cavernoso, são tão músculos como bíceps, grande dorsal ou oblíquo externo.

Precisam ser despertados e colocados em ritmo juntamente com a ação da respiração e outras. Aí sim automatizaremos o gesto e a mágica (construída) da boa organização aparecerá!

É isso aí, experimentem e me contem. Abraço, Silvia.

*Imagens do livro “O Períneo Feminino e o Parto” de Blandine Calais – ed. Manole.

10 comentários em “A Báscula do Cóccix”

  1. Dr. Vinícius de Moraes - Ft.Esp.

    Grande Silvia , até que enfim sobrou um tempo e eu vim aqui ler.
    Bom , uma granbde viajem pela globalidade corporal , muito pouco explorada , porém com fundamento.
    O que devemos nos ater é o fato de qual a funcionalidade de tal movimento , e quais as ferramentas serão necessárias para que o indivíduo compreenda e aprenda a faze-lo.
    Creio que para a postura o segmento coccígeo possa ser excluido , ressalvo nos casos de trauma, cujo o paciente adote uma postura antálgica, mas , no eixo funcional do períneo, quanto as disfunções miccionais, do esfíncter anal , pré e pós parto , entre outros , muitos são os motivos para estudo e aprofundamento.
    Portanto , parabéns pelo tema , global demais , continue percebendo.
    Beijos e sucesso.
    Vinicius .´.

  2. Oi Vinícius..

    que bom que curtiu o blog,
    Realmente é feito com muita atenção e uma graaaannde viagem….

    Em relação à “báscula do cóccix” a função está mais intimamente associada à estabilização da coluna neutra, especialmente quando desafiamos essa estabilidade com uma extensão do quadril.

    Por exemplo, em decúbito lateral com pernas e quadris flexionados à 90 gráus.
    Quando, mantendo a flexão do joelho em 90, estendemos o quadril até que o fêmur fique alinhado com o tronco, ativar o centro com especial ênfase no assoalho pélvico, promove essa “báscula do cóccix.
    Convidamos o aluno, na expiração, a aproximar os ísquios (Transverso superfifial), púbis de cóccix (pubo coccígeo) e elevar o ânus enquanto desliza o fêmur para trás.
    A ativação do assoalho tem uma íntima relação com a ativação do TV (Paul Hodges e turma da Austrália).
    Acontece dessa forma uma oposição entre o fêmur que desliza para trás e o cóccix que desliza para frente e para cima convidando bacia, sacro e lombar a se manterem neutros mesmo diante desse convite tentador do fêmur a escorregarem para trás.

    É essa a idéia.

    Beijos, muito obrigada pela visita, Silvia.

  3. Renata Batista

    Uau… Bela viagem! Quando eu crescer eu quero ser igual você! Me orgulho de sua formação ser em Educação Física… rs O que estudar, como, onde? Eu quero ser assim… Já pensou em publicar livros, ou já tem algo? Olha vou procurar um texto poético sobre corpo e Movimento, de um autor português, talvez você já o conheça… e Vou colocar como comentário em homenagem ao seu belo trabalho!

    Virei Fã… Rê!

  4. Renata Batista

    Lá vai… São fragmentos de reflexões sobre ele: O corpo!

    “Talvez possamos descobrir outro amor ao corpo e, por causa dele, outra vida. E outro amor a esta. (…) Venho falar-vos dele. De um amigo há muito posto à margem. Despedi-me dele quando entrei para a escola primária (e vc?). (…) Fui desde então ensinado a esquecê-lo, ignorá-lo, por ser amizade pouco recomendada e por não ser elevada a sua forma de realizar a vida diretamente. Só muito esporadicamente o visitei… Estou roído de arrependimento (…) Porque não há excesso de compensação que possa apagar o excesso de anulação. (…) Oculto no anonimato das coisas naturais e evidentes, que apenas na injustiça da doença faz protestar os desejos de seus direitos. E são tantos os direitos do corpo”! (Jorge Olímpio, 1995)

    “O corpo. As obrigações que lhe devo! Exigi-lhe sempre o irrezoável, sem o poupar em nenhum momento. Mesmo a dormir, o desgraçado tinha de arcar com pesadelos que me sobravam das horas acordadas. Apesar de doente, submeteu-se sempre a minha vontade tirânica (…) de dores nunca de todo aliviadas. (…) Agora estamos os dois exaustos. Nem ele tem mais energia física, nem eu mais força anímica. E resta-me homenageá-lo assim. Reconhecer honradamente que foi o maior amigo que tive, o mais leal e complacente com meus defeitos”. (Miguel Torga, 1990 apud Jorge Olímpio, 1995)

    ”Assusta-me o silêncio do corpo, o apagamento desta forma palpável da linguagem da vida. Por que o corpo é a pessoa de fora cuja noção da realidade é a medida da pessoa de dentro”. (Jorge Olímpio, 1995)

    “É preciso dar voz ao corpo. (…) Renovando as fontes dos nossos sonhos. Alimentando os músculos que labutam o pão da nossa subsistência. Regando a pele onde brotam as flores da nossa existência. Suportando os devaneios excessos e asceses da nossa consciência”.

    Fonte/ livro: O outro lado do desporto: vivencias e reflexões pedagógicas, Capitulo 9. Jorge Olímpio. Ed. Campo das letras, Porto (1995).

    ( Ah… deletei as regras da ABNT, totalmente!) rs

  5. Oi! Eu cai de bumbum no chão fazendo agachamento abduzido ha 3 anos. Nos dias seguintes fui perdendo gradativamente a força na região entre o final do gluteo e começo da coxa, e posteriormente desenvolveu- se um desequilibrio de bacia com compensações no sacro, na lombar, na torácica, cervical, ombros, joelhos, tornozelos… enfim, fui perdendo a força de musculos do corpo todo e as articulações foram ”mudando” e sofrendo. Até então tratava como causa inicial uma disfunção da lombar, mas lendo o seu texto sobre o coccix percebi que essa ”atrofia”na prega glutea se refere exatamente a esses musculos da bascula do cóccix. Quais seriam as disfunções do coccix, tem tratamento, qual?? Me ajuda?!!
    Obrigada pela atenção! !

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