Oi silvia, voce trabalha com alunos(as) ” gordinhos(as)”?
Em todos os meus estágios raríssimas pessoas estavam acima do peso…
No meu estúdio atendo bastante os over weigth…e constato a dificuldade em todos os exercícios,chego a pensar que pilates não “combina” com estes clientes. Help me?????
Desde sempre recebemos alunos gordos para as aulas de estúdio. A primeira coisa que devemos considerar é de que tipo de gordura estamos falando. Geralmente, encontramos dois tipos de depósito de gordura: subcutânea abdominal e tecido adiposo visceral. O primeiro diz respeito às pessoas que tem a gordura acumulada na pele, formando aquelas dobras grossas e o segundo são aquelas pessoas com o abdome inflado por dentro, a pele e musculatura abdominal tracionadas pelos órgão internos gordos, semelhante ao biotipo que apresenta a mulher que está gestando.
Vale lembrar que, em ambos os casos, estamos falando de tecido adiposo, órgão dinâmico que secreta vários fatores, denominados adipocinas. Eles estão relacionados, direta ou indiretamente, em processos que contribuem na aterosclerose, hipertensão arterial, resistência insulínica e diabetes tipo 2, dislipidemias, ou seja, representam o elo entre adiposidade, síndrome metabólica e doenças cardiovasculares. Na obesidade, os depósitos de gordura corporal estão aumentados, apresentando conseqüente elevação na expressão e secreção das adipocinas, proporcionalmente ao maior volume das células adiposas.
Em relação às aulas de Pilates haverá modificações importantes em ambos os casos.
Vamos pensar juntos:
No aluno com gordura subcutânea, sua sensação de movimento fica modificada em relação à propriocepção articular, que se depara com uma limitação de adm (amplitude de movimento) imposta pela própria gordura (sensação parecida com a de quando estamos em algum lugar muito frio e nos cobrimos de grossos casacos que nos impedem de dobrar como poderíamos sem esse entrave).
A sensação aferente dada pelo meio nas descargas de peso (sacro, trocânter, escápulas, ísquios) também fica alterada, visto que seus pontos de apoio estão “acolchoados” tirando a nitidez destas sensações, o que dificulta a importante clareza da posição inicial.
Para o professor o desafio também estará presente, já que a condução dos toques tácteis se dá, basicamente, pela colocação e direcionamento das mãos nos ossos e músculos (quando queremos sugerir mais ativação ou afrouxamento). Além disso o próprio olhar sobre o aluno terá de ser mais aguçado, já que seu esqueleto não estará tão visível devido à gordura.
Mas até aqui não estamos falando de nada que impossibilite a prática de Pilates. O fato de estar algo mais difícil não significa, em momento nenhum, nada que passe perto de desistirmos da prática. Teremos que, como instrutores, aguçar nosso olhar e estimular no aluno a busca de suas sensações diante de seu corpo como está. Afinal é com este ser corpo que ele convive neste momento e é através dele que se move e se posiciona em todas as suas funções cotidianas.
Vale encontrar sempre posições confortáveis e, na medida do possível, propor aulas dinâmicas e fluidas que contribuam, além da conscientização corporal e organização intrínsecas no método, com o aumento do gasto calórico.
Em relação ao aluno com sobrepeso relacionado a gordura visceral, além dos elementos já citados, é importante lembrar que sua musculatura abdominal está tracionada. Oblíquos e transverso tracionam suas aponeuroses que se encontram na linha alba, estimulando a diástase e, conseqüentemente, possíveis hérnias na linha média do abdome.
É importante sempre colocar o aluno em posições confortáveis (pode ser incômodo deitar em decúbito ventral por exemplo para extensões) e evitar trabalho abdominal intenso.
Minha sugestão é que a musculatura abdominal deve atuar, basicamente, em sua função estabilizadora e de conexão, mas não ter momentos da aula para seu fortalecimento específico. A aposta maior deve ser no reto abdominal (que tem sua colocação vertical e não tyraciona fáscias) garantindo a relação eficiente entre costelas e bacia, evitando a anteroversão da pelve.
O trabalho de mobilidade da coluna deve ser suave, com foco na musculatura profunda (por exemplo rotadores da coluna profundos e não rotadores do tronco – oblíquos). Cada vez que for realizado um movimento grande de rotação ou flexão estará havendo um grande tracionamento das fáscias e, consequentemente, da linha alba.
De maneira geral vale mais apenas apostar nos exercícios de dissociação de MMII e MMSS com estabilização da coluna para, mais uma vez, estimular, além da organização, algum gasto calórico. Costumo dizer que o Pilates emagrece mais pela mudança que os alunos experimentam na relação com seu corpo do que no gasto calórico propriamente dito, mas ele existe e deve ser incrementado com uma aula fluida e ativa.
É isso aí! O que vocês me contam de experiências com gordinhos?
Fontes:
Abdominales sin Riesgo, Blandine Calais-Germaisn, Editora La Liebre de Maroz, 2010 (incluindo imagens)
Gordura visceral, subcutânea ou intramuscular: onde está o problema?
Helen H.M. Hermsdorff; Josefina B.R. Monteiro
Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa – UFV, Viçosa, MG
Oi Silvia!
Adorei o post sobre gordinhos!
Meu pai faz aula comigo e é gordinho, tem uma hernia umbilical, e tenho ensinado a ele sobre a contração do abdome e abaixamento das costelas. Quando coloco em DV sempre coloco um apoio na cervical para ficar mais confortável. Ele já pratica há 2 anos e adora!
Oi Silvia,
Antes de trabalhar com pilates me especializei em indivíduos obesos e tenho alguns alunos nessas condições. O Pilates agregou muito ao meu trabalho com eles, mesmo quando o atendimento é domiciliar e não disponho dos equipamentos.
O pilates é um ótimo aliado no fortalecimento muscular dos gordinhos que necessitam disso para evitar/minimizar lesões articulares e muitas vezes não tem a menor condição física para fazer outros tipos de exercício. Outras contribuições que vejo dizem respeito à respiração, pois muitos obesos tem dificuldade em respirar e também no equilíbrio, já que assim como as gestantes tem o centro de gravidade modificado.
Talvez seja o grupo especial mais desafiador para nós, justamente pela dificuldade em visualizar os pontos anatômicos e ajustar a melhor postura.
Grande post!
Um abraço
Denise Carceroni
Oi Cristiane, que bom! Meus pais também praticam!
Fique atenta às contrações do abdome em excesso, use sempre a moderação e bom senso. Beijo grande Silvia!
Oi Denise, é verdade. Na realidade essa ficha da necessidade de evitar as contrações excessivas do abdome devido à tração das fáscias, só caiu agora com esse livro novo da Blandine e mais associado, realmente, a Gestante. Refletindo é que associei com a gordura visceral. Vivendo, estudando e aprendendo.. Obrigada pela contribuição, beijo!
OI SILVIA,
VALEU A POSTAGEM!!PRIVILÉGIO!!!
TENHO USADO BASTANTE MINHA CRIATIVIDADE E CONHECIMENTO PARA TORNAR AS AULAS MAIS AGRADÁVEIS.
USO O PILATES ARC(ALIÁS QUE ACESSÓRIO MARAVILHOSO) ÓTIMA OPÇÃO,PQ ELE PODE SER USADO NO REFORMER, WALL, PRANCHA DE MOLAS.
ATRAVÉS DE SUAS PUBLICAÇÕES ESTOU LENDO BLANDINE…ESSENCIAL PARA NÓS PILATEANAS(OS).
GRANDR BJ!
Oi Claudia, também amo esse Pilates Arc, muito confortável! Siga com seus estudos com Blandine… sempre vai bem! Beijo e obrigada pela companhia.
Oi Silvia ! mais uma vez, otimo post ! super atual e esclarecedor ! Há 2 meses me deparei com um aluno jovem e com obesidade importante. Alem disso, ele é muito alto e apresenta desvios posturais importantes. Esta sendo o meu maior e mais interessante desafio até agora. Com muita tranquilidade ele esta superando suas dificuldades e melhorando seu bem estar ! Graças ao Pilates !
Oi Larissa, que bom! Abuse do bastão com seu aluno alto para dar a ele a referência aferente da coluna longa e neutra. Beijo!
Olá Silvia!
Gostei muito do post!
Achei interessante a sua dica sobre utilizar a musculatura abdominal em sua função estabilizadora. Tenho uma aluna obesa que tinha grande dificuldade de ativação da musculatura abdominal e por ter tido uma hérnia discal tinha medo do movimento. Quando começamos, para “ensiná-la” a contração da musculatura abdominal eu utilizava exercícios básicos, sem muitos desafios. Hoje, 6 meses depois e com 9kg a menos, conseguimos realizar movimentos mais dinâmicos e a confiança dela no movimento foi um fator fundammental para a melhora! E a maior alegria dela é não ter precisado tomar um remédio para dor desde janeiro!
Abraços e mais uma vez parabéns pelo conteúdo!
Oi Josiane, que maravilha!! Minha maior alegria sempre é conseguir que, através das aulas, os alunos pratiquem o mantra da Polestar “experiências positivas de movimento sem dor” e consigam, pouco a pouco, sair do quadro de algia. Parabéns para você e para sua aluna que conseguiu perseverar nas aulas e encontrar uma nova relação com ser corpo, uma relação positiva!. Beijo grande!
Oi Silvia…
Passei para ler a resposta do meu comentário e escrevi errado… Não era DV e sim DD…
Sorry… rsrs